A Dor é o mais belo de todos os sentimentos. Sim, um sentimento. Claro, aquela que vai além do que é físico. É aquela Dor que se sente nas veias, pulsando forte, e sai pelos poros, exalando seu cheiro doce e pesado. Essa Dor que não passa, que continua se sentindo em meio a alegria e a bebedeira, persiste ao sono e ao Prozac. É essa Dor que traz à vida sua beleza mais plena.
É pela Dor que os homens crescem, é pela Dor que tomam consciência de si, suas verdades. Na Dor, o homem encontra seu tesouro mais precioso, ele encontra seu próprio Espírito. A Dor é nascida do Amor, o Amor que, primeiro, se escondeu, depois, se deu e, enfim, se revelou. Das águas tortuosas do Amor, nasce a calmaria trazida pela Dor. É por Ela que o homem sabe que tem que continuar, se levantar e ir à luta, se embebedar de Amor e Paz. É por ela que a História progride e a Ciência se faz. O Sol só se levanta pela manhã por causa da Dor dos homens, o mesmo se diz das nuvens que descarregam-se para limpar o que restou do Amor.
É das chagas da Dor que se tiram os melhores poemas, é do meio de Seus espinhos que se pode ver Deus, é pelo sangue derramado e emposado no chão que se pode fortalecer o coração. Cada parte do homem treme e arde à Dor e de um turbilhão ecoa sua voz que diz: "Me leva, Dor, me leva". A Dor é uma amante de noites frias e suas fantasias sexuais.
A Dor é o Caos. Dele tudo deriva. Cada sensação humana, cada gesto e emoção passou por Ela e se criou. Ai, daqueles que não entendem a Dor e evitam-na! Todos deviam sentir o quão divina Ela é.
Dedicado à Luana Justus, Dani Kafuri, Bethânia Vaz, Luma Verdeiro, Laís Comini, João Paulo Nóbrega, Thi, Fernanda, Francisco e Camilla Fukunaga por saberem me mostrar o melhor caminho e a Henrique Rodrigues Neto por me mostrar que não sou de pedra.